23.10.07

A Ubiquidade vende bem!

ubiquidade [kwi], substantivo feminino
dom de estar ao mesmo tempo em vários lugares; omnipresença;
(Do lat. ubiquitáte-, «id.», de ubíque, «em toda a parte», pelo fr. ubiquité, «id.»)
Infopedia, Porto Editora

Estar ao mesmo tempo, em todo o lado, é a mais vendável das tentações contemporâneas.

Ainda que em espaços cibermediados, "a presença é um estado psicológico ou uma percepção subjectiva na qual uma parte ou toda a experiência do indivíduo é gerada e filtrada pela tecnologia, e onde a percepção não é suficiente para para entender rigorosamente o papel dessa tecnologia na mesma experiência."
(International Society for Presence Research, 2000)

As identidades ubíquas de hoje, comovidas com as recentes promessas de interoperabilidade e convergência de meios, rejubilam:
- "estou" no Hi5 com um grupo de mais de 5.100 "amigos"!
- "apareço" no Google com 635 entradas numa busca com o meu nome!
- o YouTube mostra 37 videos associados ao meu nome!
- "estou" em Facebook onde faço parte de uma comunidade de 23.500 "amigos"!
- "falo" constantemente no MSN Messenger com os meus 523 "amigos"!
- comunico através do Skype com toda a minha família e com todas as famílias de todos os meus 140 "amigos" registados!
- "sigo" os "passos" de 227 "amigos" em Twitter!
- "estou" no Ringo e nunca me esqueço dos aniversários dos meus 300 e tal "amigos", e dos amigos dos meus amigos!
- "vivo" em Second Life, onde tenho 250 "amigos", muitos deles os mesmos de Facebook!
- "apareço" no Flickr com os meus 53 álbuns de fotografias que os meus 5.100 "amigos" de Hi5 mais os 23.500 de Facebook mais os 523 de MSN Messenger mais os 140 de Skype mais os 250 de Second Life mais os 300 de Ringo já conhecem!
...

"Broacast Yourself", "Your World. Your Imagination!", "Get Connected...", "Share your photos. Watch the World.", "What are your friends doing?",... são alguns dos tentadores (e por vezes contraditórios) apelos!
A ilusão da ubiquidade no ciberespaço?
O púbico e o privado misturam-se; aliás, tudo seria público não fossem as notas de rodapé em cada um dos ambientes que garantem a "privacidade dos dados", ou a possibilidade de criação de alter-egos!
Mas quererão os indivíduos ubíquos salvaguardar a privacidade? Se sim, porque alimentam "a rede" com múltiplas informações cruzadas sobre a sua identidade?

A tentação é grande! Parece-me que a ubiquidade vende bem!

1 comentário:

Miguel Ângelo disse...

Quando era imberbe, pensava piamente em ser ubíquo e viver tipo James Dean: "Live too fast and die too fast", julgo ser assim se não estou em erro...
Hoje, o ritmo frénetico de vida que agrande maioria das pessoas leva, logicamente só podem apresentar esta característica...