A Segunda Vida do Fado
Tudo começou com um menear de ancas!
Pois, a Mariza lembrou-se um dia de balançar o corpo enquanto cantava, "saiu-lhe a música pelo corpo"... renegou a postura sofrida de Amália, as mãos retorcidas de Teresa Salgueiro, e... balançou!
Carlos Saura, rapaz experiente e atento a este tipo de balanços, esfregou as mãos e terá pensado: "Temos filme!"
Aconselhado por Carlos do Carmo e Rui Vieira Nery, Saura pôs mãos à obra e juntou as peças de um megapuzzle, o das raízes e ligações do Fado, a "triste música portuguesa". Saura terá descoberto que o mais importante seria acrescentar uma nova dimensão ao Fado: o Movimento.
E o Fado saltou dos postais ilustrados pirosos e do Museu da Amália para o corpo de bailarinos mestiços e longilíneos. Saltou das ruas de Alfama para a Cidade da Praia, para o Rio de Janeiro ou para a Andaluzia. Saltou dos trios estáticos (guitarra portuguesa, fadista, guitarra clássica, por esta ordem) para cenários dinâmicos, de formas ondulantes, como o Mar. Saltou da "nomenklatura" lisboeta para um fluxo de lugares e de culturas.
Com alguns erros de casting pelo meio (como um Caetano Veloso esganiçado), Saura conseguiu realizar um filme sobre o Fado, que o transporta (ao Fado) muito para além dos seus estereótipos. Tudo por causa de uma nova dimensão: o Movimento! Tudo por causa de um menear de ancas da Mariza!
Se o Fado fosse a Web, e se Saura fosse a Linden Lab, o que terá acontecido com Second Life terá também sido a descoberta de uma nova dimensão: o Movimento! Resta saber... quem terá meneado as ancas em 2003 na Califórnia...