'Vanguardas Ibéricas' ou 'Suicídio Anunciado'?
O post de Gwyneth Llewelyn sobre 'presenças ibéricas virtuais' foi inspirador de uma pequena reflexão sobre a presença de negócios e instituições em Second Life.
No referido artigo, Gwyneth refere algumas semelhanças entre os projectos virtuais da Seat (Mosi Mosi, Barcelona) e do Dolce Vita (Beta Technologies, Lisboa) em SL, defendendo que, em ambos os casos, existe uma pertinente compreensão das particularidades do mundo virtual da LL, com propostas ajustadas a essas características.
A Seat, afirma Gwyneth, "não 'replica' o aspecto da empresa no seu website: antes cria novas oportunidades para as pessoas tomarem contacto com Second Life...". E continua: "A Dolce Vita, por outro lado, em vez de partir da habitual ideia de 'aqui-está-a-minha-ilha-que-é-uma-réplica-de-um-edifício-real', espalhou quiosques pelas múltiplas ilhas da comunidade portuguesa em SL."
A ideia de algum 'vanguardismo ibérico' defendida por Gwyneth Llewelyn, tem por base aquilo que, numa fase de crescente maturidade em Second Life, se constitui como a diferença entre duas formas distintas de pensar os mundos virtuais.
Iberismos à parte, cada vez mais o 'outro mundo' se divide entre a simulação e o experimentalismo. Há quem lhes dê outros nomes, mas parece ser de simuladores ou de plataformas de experimentação daquilo que se fala...
Por um lado, o entendimento de Second Life como um simulador, leva frequentemente à mimetização de espaços e actividades ancorados na RL, onde as leis que determinam a nossa vida real se transportam para uma instância virtual. A esta postura corresponde a defesa freudiana do suposto conforto e identificação emocional com referências conhecidas e herdadas da realidade. Como resultado, é grande a tentação de reproduzir num novo meio os conteúdos pensados para outros meios, nomeadamente a Web ou a 'realidade virtual' offline.
Por outro lado, o Second Life dos experimentalistas propõe novos códigos e novos paradigmas, quer espaciais, quer comunicacionais. Em defesa desta posição, parece emanar a ideia de que, a um meio novo, deve corresponder uma nova forma de pensar o espaço, as relações interpessoais, e a linguagem, por exemplo. Como resultado, a descolagem da 'realidade' induz, por vezes, confusão, algum desconforto, se calhar até alguma frustração.
Entre uma postura mais 'conservadora' e outra mais 'vanguardista' balança o 'virtual'...
Cabe a cada empresa, a cada marketeer, a cada educador, a cada investigador, a cada político, ou a cada... residente decidir o que espera de Second Life.
Na certeza porém de que, se apenas uma das abordagens vingar, 0 'mundo' tende a esgotar-se e a afogar-se no seu próprio ego...
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