5.5.08

Ainda mais um pouco sobre 'Digital Natives'...

A discussão mantém-se acesa no grupo Second Life Educators acerca da definição de 'Digital Natives'!
Várias contribuições ajudam a formar opinião, cruzando-as com os dados da Pew Internet & American Life Project que apontam para que 94% dos adolescentes nos E.U.A. usam a Internet.

Aldon Hynes, uma vez mais, remete para o site do Berkman Center for Internet & Society na Harvard Law School e para o Research Center for Information Law da Universidade de St. Gallen na Suíça:

"Serão todos os jovens 'digital natives'? Claro que não. Concebemos 'digital natives' como uma geração 'nascida digital', mas nem todos os jovens são 'digital natives'. Os 'digital natives' partilham uma cultura global que é definida não pela necessariamente pela idade, mas por certos atributos e experiências relacionadas com a forma como interagem com as tecnologias da informação, com a própria informação, com eles próprios, com os outros e com as instituições."

Elisabeth Marrapodi, do Trinitas Hospital em New Jersey, acrescenta:

"Existe uma exclusão digital e que é geracional" afirma com base na sua experiência com alunos mais velhos.

Sarah Robbins, da Ball State University, esclarece outro ponto de vista:

"Na minha opinião, este tema tem pouco a ver com a idade e mais com os padrões de utilização. Os dados da Pew apontam para a utilização da Internet pelos jovens, mas a realidade com que nos deparamos não é a falta de experiência, mas sim o tipo de experiência.(...) O grupo chamado de 'digital native' pode usar a tecnologia sem possuir as capacidades que associamos a um nativo. No entanto, o contrário também é verdadeiro: o típico 'native' conhece aplicações que nós não conseguimos entender. (...) Ambos os grupos (native e não native) possuem capacidades diferentes baseadas na sua experiência, interesses, exigência e necessidades."

Pelos vistos, o tema não é consensual e tem aproximações distintas. A Geração M referida um dia por Enrique Dans no seu blog e de que falei aqui, a tal que agora aparece como tema de pesquisa sob o nome 'digital native', é também relacionada com os padrões de utilização, mais do que com a idade.
Parece-me, no entanto, que o argumento dos padrões apenas pretende justificar as excepções: os menos jovens com comportamentos e preferências que se assemelham às dos mais jovens.
Na verdade (e sem querer cair na tentação dos 94% da Pew), parecem existir algumas características geracionais que, como sempre, marcam uma dada faixa etária.
Neste caso discute-se a relação com as novas tecnologias, mas centrar o pensamento nas habilidades tecnológicas dos que 'nasceram digitais' é uma tentação pecaminosa!
Apenas, e tão só, porque cada um dos 'nascidos digitais' nem sequer se apercebe onde anda a tecnologia: pensam diferente, agem diferente, criam relações sociais de formas que nos são alheias.
Mas foi sempre assim, ou não?

No âmbito da Educação, e no recurso a novas formas de comunicar, por exemplo em mundos virtuais, o que parece ser essencial para o educador não é a avaliação das capacidades instrumentais e intelectuais dos alunos mas sim o entendimento actualizado da forma de comunicar e das sub-culturas que nascem como cogumelos nas salas de aula.

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