“Todo lo que puedas imaginar es real!” Pablo Picasso
Considerações tecnológicas à parte, é difícil conceber a nossa vida apressada sem o recurso à “rede”, quando, em segundos, quebramos barreiras físicas de acesso à informação, à comunicação ou ao lazer. A geografia mudou, as leis da Física vão mudando, e o ‘espaço dos lugares vai-se transformando em espaço de fluxos’ (como refere Manuel Castells). As relações de vizinhança e de proximidade física deixam de ser primordiais, uma vez que as fronteiras se diluem no cabo. O mundo e a vida estão plasmados numa superfície (a do ecrã, citando Sherry Turkle), e a noção de profundidade e de procura incessante de justificação para as coisas, típica da época moderna, perde o sentido na contemporaneidade. A geração do fim de século nasceu com este ‘conceito de rede’ a correr-lhe nas veias, dotando as crianças, os adolescentes e os jovens adultos de hoje (‘Os Filhos da Net’) de uma (invulgar?) capacidade de se adaptarem à cultura dos fluxos. Quem apanhou o comboio a meio da viagem (apenas por ter nascido antes dos anos 80/90), tem necessariamente uma leitura diferente do fenómeno: assistiu a (r)evoluções sucessivas e persiste em analisar a história como um permanente movimento de conquistas tecnológicas (como se fossem políticas ou sociais) das quais tira partido.
‘Os Filhos da Net’ não querem saber de tecnologia: aproveitam-se dela sem a tentar perceber, exigem mais e têm respostas na hora. Divertem-se com consolas em jogos online da mesma forma que usam um portátil para colaborar numa rede social onde partilham a sua vida ou onde respondem a exercícios académicos.
‘Os Filhos da Net’ gostam da vida que levam: estão mais próximo dos amigos, têm acesso a muito mais informação em muito menos tempo, e nem se lembram de dar graças por terem nascido nesta época.
‘Os Filhos da Net’ não são uns ingratos: são eles que mandam em Silicon Valley, nos Media e nas Telecomunicações.
‘Os Filhos da Net’ ganham a vida sem dar por ela: tropeçam em ‘ovos de Colombo’ e tornam-se milionários risonhos quando uma grande empresa lhes compra os ‘ovos’.
‘Os Filhos da Net’ são os revolucionários de hoje: são eles que constroem os seus alter-egos em mundos virtuais, que enfrentam a catarse da auto-representação, que se revêm em personagens 3D (vulgo avatares), que se desdobram em múltiplas identidades sem perderem o tino.
‘Os Filhos da Net’ sabem o que querem: usam as redes sociais online na Web (MySpace, Hi5, Facebook, Orkut, YouTube, Flickr,…), os espaços de conversação (MSN Messenger, Yahoo Messenger, Skype,…) ou os ambientes virtuais online (Second Life, The Sims, Kaneva, Haboo Hotel,…) sem pedirem licença aos criadores das ‘aplicações’, porque sabem que foram eles próprios (os filhos) que as criaram, e são eles que as financiam.
‘Os Filhos da Net’ são assim! São eles os responsáveis pela revolução em curso, a da Web 3D! Não se assumem como revolucionários, apenas deixam que as coisas aconteçam até que os adultos sérios dêem nomes às coisas. Percebem a lógica da revolução e assumem as suas consequências, porque… ‘Os Filhos da Net’ não saem aos pais! |
1 comentário:
Parabens Paulo...Ling :)
Grande analise.
Já deste conta que estás muito á frente na percepção correcta das potencialidades practicas da VR, enquanto futuro instrumento global de comunicação?
Sinto-me ... abençoada...por poder sentir a força da revolução que se aproxima.
É aparentemente um paradoxo. A vingança da mefísica,ás mãos de uma nova ferramenta
tecnológica :)
Mas sem dúvida uma nova percepção da realidade.
E por isso tão apaixonante!
Um grande abraço vindo do Metaverse.
....ZETA... :)
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