Profecias...
Adolfo Estalella, do ElPaís.com, publicou um interessante artigo, 'Profecías del Futuro', que me apraz aqui reproduzir parcialmente numa tradução livre. Estalella aborda algumas das previsões da nossa vida nos próximos 50 anos (Second Life anda por lá...), com bases científicas concretas, e, como tal, ultrapassando a mera especulação:
"Dar uma olhadela ao futuro significa ver como se diluem as categorias nas quais compartimentamos a realidade tecnológica. O desenvolvimento da potência da computação, leva -nos inevitavelmente à produção de formas de inteligência artificial, que através da engenharia genética, nos aproxima dos primeiros genomas artificiais, os quais não seriam possíveis sem os desenvolvimentos da biocomputação, cujas bases de dados alojadas na Internet estão acessíveis de forma maciça graças ao crescimento da banda larga. As profecias tecnológicas, quando fracassam, costumam acontecer não porque se cometa um erro sobre quando estará disponível uma nova tecnologia, mas sim porque não se acerta na sua forma de uso. Aqui apontamos alguns dos augúrios mais credíveis que especialistas de todo tipo fizeram sobre este futuro. Haverá que esperar a ver quem acerta, mas todos os vaticínios têm uma base sólida.
2012, os carros comunicam entre si e elegem as rotas
A IBM realiza periodicamente previsões para os próximos cinco anos. Na sua última edição, fixava-se no desenvolvimento da automação e dizia que em 2012 se produzirá uma “onda de conectividade” entre os veículos e as autoestradas, o que permitirá um trânsito fluído permanentemente (e reduzirá, consequentemente, a contaminação). Os carros comunicarão entre si e elegerão rotas alternativas em caso de necessidade.
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2015, telemóveis 4G totalmente diferentes
Segundo a consultora Gartner, dentro de apenas quatro anos (em 2012) 50% dos trabalhadores móveis deixarão em casa os seus portáteis, que terão sido substituídos por outros dispositivos sem fios com idênticas ou melhores prestações.
Para o ano de 2015, Tomi Ahonen, um consultor dedicado ao sector dos telemóveis, aventura-se a prever a quarta geração móvel (4G), na qual os terminais terão um zoom óptico, pelo menos, 50 vezes superiores, sistemas de reconhecimento de voz capazes de traduzir de um idioma a qualquer outro, e tanta capacidade de armazenamento que poderemos guardar de forma continuada o que sucede à nossa volta de maneira que possamos regressar imediatamente ao momento anterior: “que som foi este?”, bastará ir ao telemóvel e escolher replay.
Certamente, o terminal não terá botões e não o colocaremos na orelha. Os interfaces serão algo completamente diferente.
2020, ‘software’ com inteligência artificial... quase humana
Ano de 2020. Nem tudo é hardware.
O software é outra história talvez siga outro ritmo. Se bem que os desenvolvimentos actuais do software estejam centrado em programas orientados para a solução de problemas muito concretos, durante as próximas cinco décadas desenvolver-se-á um software destinado à “exploração sistemática do universo computacional de todos os possíveis programas”, segundo o físico teórico Stephen Wolfram, criador do programa Mathematica.
E antes de chegar a esse ponto, a meio caminho, em 2020, usaremos ferramentas de inteligência artificial que incluirão todos os processos implicados na inteligência humana, segundo Ray Kurzweil, ao ponto de algumas máquinas serem capazes de superar o chamado teste de Turing.
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2020: os PC simularão o cérebro
Se há em computação uma lei talismã, essa é a que o co-fundador da Internet, Gordon Moore, enunciou em 1965 e segundo a qual a capacidade dos processadores se duplica cada 12 meses. (...)
A coisa é agora muito diferente e, deixando voar a imaginação, o inventor e futurólogo Ray Kurzweil espera que para o ano de 2020 a potência de computação tenha chegado ao ponto de ser capaz de simular o cérebro humano (que realiza 10.000 milhões de cálculos por segundo). O melhor de tudo, segundo Kurzweil, é que custará menos de 1.000 euros. Fazendo um paralelismo, se os carros tivessem seguido o mesmo ritmo, agora teriam as dimensões de uma torradeira, custariam 200 euros e alcançariam uma velocidade de 50.000 quilómetros por hora.
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2020, nanomáquinas
O sistema de produção de processadores alcançará nos próximos anos limites que só através do desenvolvimento da nanoengenharia poderão ser resolvidos. A nanotecnologia era uma das cinco áreas identificadas num inquérito entre 700 membros do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers). Dentro de pouco mais de uma década, em 2020, “podemos ser capazes de desenvolver nanomáquinas que entrem no nosso corpo e encontrem e destruam células cancerosas individuais sem danificar as células sãs”, segundo a previsão de um chefe de investigação da multinacional Battelle Kevin Priddy. Mais: as nanomáquinas poderão ser usadas para distribuir em partes do corpo muito localizadas determinados fármacos, para limpar artérias ou para reparar danos.
2030, lo virtual y lo real se confunden
Se o natural e o artificial se fundem, o mesmo ocorre com o virtual e o real. As experiências nos mundos virtuais através de simulações resultarão tão reais dentro de alguns anos que parecerão a mesma realidade.
Daqui a uma década, os gráficos dos computadores terão tal grau de realismo que já não seremos capazes de distinguir se são reais ou simulações; pelo menos esta é a opinião dos membros entrevistados pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers. O desenvolvimento de metaversos (metauniversos) como Second Life e outros jogos em massa por Internet encaixa nestas previsões.
O pioneiro da computação Alan Kay crê que esse desenvolvimento da simulação nos vai levar a desenvolver novas formas de alfabetização baseadas na simulação, de maneira que permitam experimentar verdadeiramente o que se aprende, por exemplo: como seria a tua vida se fosses um vegetariano?, e se corresses 16 quilómetros por dia?
O co-fundador da Sun Microsistems, Bill Joy, crê que até 2030 se terá desenvolvido uma tecnologia que lembre o filme Matrix, na qual um interface tridimensional entre humanos e máquinas põe em questão o que chamamos realidade convencional.
Por aí vão outras das 10 previsões básicas de Battelle, uma empresa que faz desde 1995 estas prospectivas. Maravilhar-nos-emos com a realidade aumentada da simulação, dizem, e graças a sensores e à tecnologia genética, seremos capazes de implantar dispositivos que nos permitam ouvir melhor ou ver mais longe.
2050, os robots casar-se-ão
Um dos temas recorrentes na ficção científica, é o dos robots. Bill Gates perguntava num artigo publicado no Scientific American: "Quando farão parte os robots da nossa vida quotidiana?", para seguidamente responder com alguns dados. Assim, segundo a International Federation of Robotics, o número de dois milhões de robots que havia em 2004 passará a sete milhões neste ano. E para indicar a mudança, a referência da Coreia do Sul. O Governo pretende introduzir um robot em cada casa em 2013. Muito mais extrema é a previsão de David Levy, um cientista do campo da inteligência artificial, que no ano passado publicou o livro Amor y sexo con las máquinas, no qual fazia propostas tão radicais como as que previam que em 2050 os robots poderão casar-se, ainda que antes de isso, dentro de 20 ou 30 anos, mantenham conversações sofisticadas.
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