Amêndoas, Piercings, Farmácia Praiense e outras minudências...
Quis o destino que hoje de tarde a minha viagem de carro entre Porto e Lisboa coincidisse com a transmissão na TSF do debate quinzenal com o Primeiro-Ministro na Assembleia!
O tema proposto por Sócrates foi a Saúde, e, apesar da atenção obrigatória à estrada alagada, pasmei com duas horas de interpelações por parte da oposição e com as respostas do Governo.
Das denúncias desengonçadas de propaganda de Santana Lopes, às amêndoas de Portalegre oferecidas por Portas a Sócrates, passando pelas suspeitas de Louçã sobre a Farmácia Praiense que alegadamente ganhou o concurso para explorar a farmácia do Hospital de Santa Maria e pela defesa da liberdade dos piercings pelos Verdes... o espectáculo radiofónico foi, no mínimo, surreal!
Normalmente não ouviria duas horas de debate. Normalmente, ninguém ouve duas horas de debates destes!
Tem este post a ver precisamente com essa 'normalidade'!
Quando se fala (ou critica) sobre mundos virtuais (SL, por exemplo) e a RL (real life), associamos a ideia de RL àquilo que fazemos no nosso dia-a-dia: trabalhar, pagar as contas, cozinhar, ir ao cinema, dar uma volta com o cão, namorar, ir a reuniões de condomínio, tratar dos filhos, sair com os amigos... Esta é a nossa RL!
O debate na A.R. não faz parte da RL!
Sem querer cair no discurso populista de descredibilização da política e dos políticos, não posso deixar de constatar que a sessão que os meus ouvidos registaram não é deste mundo (o da RL)!
Se calhar alguma coisa me escapa, ou os parlamentares estão já muito à frente, provavelmente numa TL (third life)!
O populismo generalizado, a argumentação gratuita, o desrespeito pelas regras do intelectualmente decente, são coisas a que o resto dos portugueses que não trabalham na A.R. não utilizam no seu trabalho diário. Nem na RL nem em SL!
Se puderem (e tiverem paciência para tal) tentem ouvir os registos deste debate e perceberão a que me refiro. E se tiverem uma 'segunda vida' virtual em Second Life, não receiem que vos olhem como seres estranhos: há quem passe duas horas em devaneios muito mais estranhos, e com tempo de antena em horários (quase) nobres!
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