1.9.07

Esclerose Múltipla em Second Life I


Foi por acaso que ontem conheci Maggie Runo!
Numa sessão de esclarecimento sobre o e-justice, resolvi consultar o perfil da Maggie, e o grupo Esclerosis Multiple a que a Maggie pertence chamou-me a atenção.
Resolvi perguntar-lhe do que se tratava, e fiquei a saber:
O grupo possui um espaço, que é gerido por lorechip Kurka, também da direcção da Associação Espanhola de Esclerose Múltipla na RL. Fomos ao local, e conheci a lorechip, com quem irei falar em breve.
Hoje tive uma conversa interessante com a Maggie!
"Por curiosidade, um dia pesquisei a palavra esclerose e encontrei este grupo e um outro inglês em Second Life." contou-me. "Aderi a este grupo, mas não sei se a maioria são portadores da doença ou não. Costumo falar com a lore e com um amigo que não tem a doença."
E eu curioso sobre a utilidade e objectivos do grupo em Second Life: ": Sabes, falar às vezes é um pouco difícil, muita gente vem buscar aqui algo diferente da RL." confessou-me, "Eu só tinha falado com um amigo sobre isto, até encontrar o grupo. Aqui procuras um pouco a ilusão, algo que não tens na RL!"
Qual ilusão?, quis eu saber. "Repara, por exemplo a lore, não sei, porque não lhe perguntei, mas provavelmente afectou-lhe a parte motora, e aqui, ela dança, anda, corre... Eu estive uma semana cega de um olho e digo-te que não é agradável. Perdi 35% de visão no olho direito, mas tenho o esquerdo!"
Estava eu a começar a perceber a ideia, "A doença revelou-se quando eu tinha 34 anos. Aqui em Second Life sinto a velocidade com que mudo de humor. Aqui consigo estar mais estável, menos irritadiça. A irritação tem a ver com o stress e com a maneira como reages a ele. Eu tenho um trabalho muito stressante na RL, nada indicado para quem tem Esclerose Múltipla. Aqui, consigo relaxar e descomprimir ;)."
Engoli em seco, enquanto a Maggie, lisboeta de gema, continuava com o discurso escorreito, confessando que quando começava a falar... não parava!
"Sabes o que é pena? Que não haja mais gente nas sessões de esclarecimento! A lore fez uma, mas não estava assim tanta gente..."

A conversa já ia longa, e a Maggie aceitou tirar umas fotos antes de se despedir. As que se encontram acima, com um ar tranquilo e nada "irritadiço" (como ela referia).

Visitei o local com minúcia, recolhi a vasta informação disponível sobre esta doença degenerativa, e fiquei com a certeza que em Second Life muita gente se reúne em torno de grupos de interesses comuns.
Sem vestígios de cadeiras de rodas ou outros artefactos que ajudam a superar incapacidades na RL, fiquei com uma enorme vontade de falar com a lorechip para perceber bem de que forma o metaverse transforma a qualidade da "vida real" da tanta gente que se vê, de um dia para o outro, invadido por doenças terríveis.

Não consegui falar hoje com ela. Estava ocupada! Numa festa de aniversário de um amigo, a dançar!
Dança muito, lorechip, até que os pixeis te levem para bem longe da realidade, pelo menos por uma noite!

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