Como falar sobre Second Life com as outras pessoas?
A pertinente pergunta foi lançada por Wagner James no seu blog, depois de ler o que escreveu Joe Essid aka Ignatius Onomatopoeia: 'Conselhos para Educadores que usam SL ao falar com os seus colegas que não usam SL'!
Esta é seguramente uma questão em que já todos os professores que utilizam Second Life já colocaram, ao constatar como, inconscientemente, o seu discurso por vezes se torna hermético e incompreensível para o interlocutor que não domina a linguagem.
Os quatro conselhos de Essid, considerados como essenciais para que a comunicação se processe:
"Evite usar o termo 'residente' com os seus colegas!
Eu gosto da expressão quando estou a falar ou a escrever com quem conhece bem SL, porque ela explica bem a experiência da imersão e a sensação de que o metaverse é um lugar. Mas 'residente' pode ter uma conotação com algum tipo de doença mental.
Evite o calão e as suposições quando está online!
'Rez' e 'prim' e 'lag' dificilmente serão expliacados aos novatos. Mas as ideias que temos sobre o que é este mundo virtual podem ser ainda mais nocivas quando mal utilizadas. Uma vez com os meus alunos, depois de uma visita, dirigi-me aos anfitriões e escrevi 'os meus alunos que estiveram neste evento não voltarão a ver SL como um jogo'. Todos os avatares perto de mim - antigos residentes de SL - leram a palavra 'jogo' e atacaram-me verbalmente. Fiquei deveras furioso, talvez a ocasião em que fiquei mais zangado em SL.
Evite tanto o sensacionalismo quanto a negação!
Os conteúdos indesejáveis ou desagradáveis, bem como os problemas técnicos existem ao mesmo tempo que as experiências educativas efectivas. Toda a Internet vive nesta dialética. Eu explico isso aos meus colegas e admito que SL é ainda uma tecnologia recente.
Evite o mito da inevitabilidade!
Gostei muito de ouvir da boca do nosso anfitrião na última mesa-redonda, um bibliotecário notável que trabalha in-world, que não devemos andar por aí assumindo que SL e outros mundos serão bem sucedidos rápida e facilmente. Por a sua utilização nos ser intuitiva, não devemos concluir que também o é para os outros..."
As curiosas palavras de Joe Essid trazem-me à memória um livro que li há alguns (bastantes) anos sobre a vida de Steve Jobs, e em que o visionário de Silicon Valley brilhantemente defendia a Apple, 'evagelizando' os utilizador de MS-DOS e, mais tarde, de MS Windows.
No entanto, tudo o que para Jobs era evidente (e como era - e ainda é - bom ouvi-lo no lançamento de um novo gadget) nem sempre era claro para os ouvintes! Não por não concordarem com as suas ideias, mas simplesmente porque, muitas das vezes, nem sequer entendiam o que Jobs dizia... (lembram-se de um super-projecto de nome Next? Talvez por isso os projectos de Jobs sempre foram fracassos comerciais).
Ou seja, é gratificante ouvir alguém falar apaixonadamente daquilo que gosta, é fantástico falar com emoção daquilo que se preza, mas, sem algum cuidado, a emoção e a paixão esfumam-se em dois tempos: moderação, modéstia e clareza são bons conselhos deixados por Joe Essid aos utilizadores e defensores de Second Life!