8.12.08

Lucidez centenária em rios de hipocrisia

foto: Jean-Paul Pelissier/Reuters


Afasta-se o discurso do 'outro mundo', por momentos, e apenas para registar a lucidez centenária de quem, 'neste mundo', ainda se orgulha de ter ideias e princípios.

Dia 11 Manoel de Oliveira faz 100 anos de vida (real), na mesma semana em que recusou aceitar as Chaves da Cidade do Porto, uma das mais altas distinções atribuídas pela autarquia.

A idade avançada poderia indiciar algum tipo de esquecimento, distracção ou falta de sentido da 'realidade'... Pelo contrário, os cem anos de Oliveira revelam a lucidez de quem não gosta de ser usado, sobretudo por quem nunca se empenhou em justificar a actual atenção oportunista.

A invicta autarquia, uma vez mais, atropelou o bom senso e embarcou em rios de hipocrisia, tentando associar-se a uma festa para a qual não foi convidada, e que nunca foi sua (nem nesta nem em anteriores legislaturas).

A recusa de Manoel de Oliveira só vem dar sentido à honestidade, à dedicação e à paixão pelo trabalho, algo que, em política, raramente tem significado!

E as Chaves... há sempre alguém que as guarda, à espera de uma outra oportunidade para capitalizar a simpatia popular.

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