27.10.08

Cuidar do avatar pode ajudar a superar experiências traumáticas na RL?

Depois de ler o estudo da Universidade de Stanford de Nick Yee, já aqui referido, sobre o 'Proteus Effect' em Second Life, e depois de ler o post de Wagner James 'How a sexy avatar inspired a real life survivor', fiquei a conhecer a história de CeNedra Rivera que, no seu blog, explica tudo:

Depois de ter passado por uma experiência traumática de abuso sobre si e o seu filho na 'vida real', passou a utilizar Second Life como hobby, o que lhe tem permitido 'viver' uma vida independente e na qual investe muito do seu tempo a tratar do aspecto físico do seu avatar.

Esse facto, segundo CeNedra, tem feito com que a sua auto-estima 'real' tenha aumentado, e os seus receios, resultado de uma vida atribulada, tenham diminuído.

"Ao longo deste ano em que tenho 'vivido' em Second Life, tenho tido muitos mais encontros na RL. Pode parecer pouco importante, mas para mim é muito significativo. Dou por mim a combinar saídas com os meus colegas ou amigos. Mesmo quando vou às compras, reparo que passo a dar mais atenção a coisas que, habitualmente, não daria."

O artigo de Nick Yee já indiciava o que CeNedra aqui confirma: as pessoas que mais 'investem' no aspecto dos seus avatares em Second Life, têm tendência a melhorar a sua auto-estima e a sua auto-confiança na 'vida real'.

No caso de CeNedra, o efeito é também terapêutico, numa fase de recuperação de um trauma que, habitualmente, conduz ao isolamento e à perda de confiança. Talvez por isso, CeNedra faça questão, no seu blog, de alertar todas as mulheres para os sinais mais evidentes de abusos 'reais', para que não haja muitos casos como o seu...

4 comentários:

Anónimo disse...

Terei de aprofundar estas leituras para perceber com mais detalhe como funciona esta transferência do Second Life para a RL. Em todo o caso, é um assunto que particularmente me interessa. Já por duas ocasiões tive oportunidade de publicar artigos sobre violência doméstica e as reacções foram imediatas...desde pessoas incrédulas, a mulheres a pedirem ajuda...De facto, a baixa auto-estima (e todas as implicações que daí resultam) é o principal problema a resolver na tentativa de ajudar estas pessoas (não escrevo mulheres, porque actualmente a violência não escolhe sexos). De resto, chamo a atenção para um artigo publicado esta semana na Notícias Magazine, no qual são apresentados exemplos de mulheres que conseguiram sair da prostituição e que apontam, precisamente, a falta de auto-estima como motivo para "mergulhar" nesse mundo.

Felicidade Ramos

Anónimo disse...

Ainda a propósito do estudo de Nick Yee, parece-me que as conclusões a que chega não são de todo estranhas...Não é assim que funciona também na vida real? Seja entre humanos ou animais, a aparência é determinante para se estabelecer qualquer tipo de relação e é de resto o que nos leva a formar a primeira impressão sobre o que seja... Neste caso, parece-me que o virtual imita o real e não o contrário!

Felicidade Ramos

Paulo Frias disse...

Parece-me que a 'novidade' do estudo reside na aparente relação estreita entre a 'vida do avatar' e a 'vida do seu dono'! Um campo de estudo muito interessante e que, certamente, carece de muitas confirmações...

Anónimo disse...

Curioso que se mencione um estudo feito no estranjeiro e nunca se fale dos projectos existentes em Portugal ou que tendo oportunidade nunca tenhas seguido pessoas como Fredyribeiro Writer, ou o Siuloaoj. Fácil é mostrar que se está realmente informado sobre o que se "estuda" nas outras universidades, dificil é por as nossas a estudar casos reais e tão á mão de semear...