30.7.07

Coincidências...


Pressionado pelas controvérsias e argumentos de entusiastas e críticos de Second Life, brilharam-me algumas memórias (quase holográficas) que gostava de partilhar:

> em 1984, o primeiro Apple Macintosh foi lançado na Califórnia, provocando a irritação dos informáticos mainstream da época que viam o novo e estranho objecto como uma máquina para jogos e não um PC. Não entendiam o conceito visionário. Era divertido ver a reacção!

> em 2007, Second Life, nascido na Califórnia, assume-se como um ambiente virtual colaborativo credível, provocando a irritação dos especialistas mainstream de diversas áreas que o consideram como mais um jogo e não um ambiente inovador. Não entendem o conceito visionário. Continua a ser divertido ver a reacção!

> em 1984, a Apple ambicionava ter um Mac em cada lar americano!

> em 2007, a Linden Lab ambiciona ter cada lar americano em Second Life!

> em 1984, a Apple intituía a figura dos evangelists como principal veículo de informação sobre o Mac!

> em 2007, a Linden Lab institui a figura dos mentors como principal veículo de informação sobre Second Life!

> em 1984, a Apple propunha um novo sistema operativo e novos periféricos, valorizando o seu carácter metafórico, transportando para uma superfície os objectos e as acções da real life. Trazia a vida para o écrã!

> em 2007, a Linden Lab propõe um novo ambiente virtual, valorizando o seu carácter metafórico, e transportando para uma superfície a representação tridimensional do "eu", através de avatares. Traz a vida para o écrã!

> em 1984, Bill Gates começa a copiar o sistema operativo do Macintosh, eventualmente por não ter conseguido comprar a Apple!

> em 2007, qualquer um Bill Gates irá copiar Second Life, provavelmente por não conseguir comprar a Linden Lab!

> em 1984, designers, arquitectos, artistas,... adoptaram o Mac OS como a forma de trabalhar com um PC mais intuitiva e potenciadora da criação! Adoram-no!

> em 2007, designers, arquitectos, artistas,... adoptam Second Life como um ambiente intuitivo e potenciador do seu trabalho criativo! Adoram-no!

> em 1984, o Mac começa a tornar-se um objceto de culto, um gadget, uma moda!

> em 2007, Second Life começa a tornar-se um objecto de culto, um gadget, uma moda!

> em 1984, o Mac é adoptado pelo meio académico (sobretudo americano e francês) e demais investigadores, como um PC onde valia a pena investir, estudando novas abordagens e novas soluções!

> em 2007, Second Life é adoptado pelo meio académico (sobretudo americano e inglês) e demais investigadores como um ambiente onde vale a pena investir, estudando novos fenómenos sociais e novas soluções tecnológicas!

> em 1984, ter um Mac era ser um tipo estranho, fútil e iletrado!

> em 2007, "viver" em Second Life é ser um tipo estranho, fútil e iletrado!

> em 1984, Steve Jobs era visto como um enfant térrible teimoso, mal vestido e contestatário (acompanhado por um Wosniak saído de Woodstock)!

> em 2007, Philip Rosedale (ainda) é visto como um enfant térrible teimoso (e cada vez menos contestatário)!

> em 1988, apaixonei-me por um Macintosh!

> em 2006, apaixonei-me por Second Life!

14 comentários:

Winter disse...

Brilhante comparação PalUp!
O primeiro micro com que trabalhei foi de facto um Mac em 1984 (um caixote pukunino com um monitor minúsculo incorporado) e de facto era fantástico e uma coisa do outro mundo para a altura.
(Depois rendi-me à Microsoft - pronto, sou uma vendida, eu sei hehehe).
Quanto ao SL estou rendida desde 2006 e a maravilhar-me todos os dias com as coisas, as pessoas, as paisagens e os pôr-do-sol.
Chamem-me alienada, estranha e fútil... que sabem eles? ;o)
Winter

Anónimo disse...

Essas comichões estranhas...
a) A Microsoft copiou um ambiente gráfico que a Apple já tinha copiado antes
b) A Apple não quis realmente espalhar-se a todos os lares poruqe é uma marca elitista. Enquanto o PC se abriu a várias empresas e baixou o preço a Aplle ficou com um monopólio da sua arquitectura.
c) A Microsoft foi processada por ter um browser integrado no sistema operativo e a Aplle continua a vender o seu tudo-em-um
d) O Second Life não passa de isso mesmo que o nome indica por isso quem quer que viva para ele esquece a First Life
e) Second Life é um jogo...
f) Reconheço a solidez do Mac (cada vez com menos diferenças face ao PC) e as potencialidades futuras do SL só ainda não chegámos lá...
g) "Compre já e veja as maravilhas que..."?

INFORMANIACA disse...

Peço ajuda para navegar no SL:
Registei-me e tenho andado à deriva pelas ilhas que procuro no Search. Não tenho dinheiro nenhum, por isso não posso comprar nem construir nada.
Como se obtêm dinheiro no SL?
Ao registar-me gratuitamente no SL, não tenho acesso a quê?

OBG
laura.campos.costa@gmail.com

Anónimo disse...

Laura,
O registo em SL é gratuito, mas a conta "bancária" está vazia, a não ser que opte por uma conta especial.
Pode sempre "carregar" a sua conta com o cartão de crédito...
Para ir começando a amelhar uns "trocos", aconseho a pesquisa de locais com "camping chairs" que oferecem dinheiro por estar sentado ou a dançar por algum tempo!
É pouco, mas é uma maneira de começar...
Para construir coisas, não é necessário "dinheiro" porque SL disponibiliza um sistema de edição de objectos a qualquer residente. Só precisa de estar numa "sandbox" com permissões para construir (existe uma, por exemplo, numa das ilhas da IBM). Na maior parte das ilhas os proprietários não permitem, obviamente, que qualquer pessoa encha o espaço com os mais diversos objectos.
Boas viagens!

Anónimo disse...

Discordo completamente da comparação/indução.

As ideias e conceito da Apple alteraram a forma como se utiliza a maquina para uma coisa mais intuitiva, mas não alteraram o basico: Continuamos a utilizar o pc pra pesquisar, comunicar. E enquanto comunicamos, muitos de nos continuam a fingir que são outras pessoas.

SL não tras grandes novidades, é mais do mesmo. Pro bem e pro mal. É mais uma forma de contactar com pessoas que vc eventualmente não teria hipoteses de. E é tambem mais uma forma de fomentar essa dupla personalidade nas pessoas.
É tambem mais uma forma de viciar as pessoas. E é tb mais uma forma das empresas tirarem dinheiro do seu bolso. Pode ser tb mais uma forma de vc tirar dinheiro dos outros, quer seja de forma Legal ou ilegal.

No fundo é como o vinho: um copo por dia é excelente.
So que, ao que parece, a malta termina por beber uma garrafa ou mais por dia...lol

Get a (1st) life !

Be urself, use the internet (dont let internet use ya).

Daniel.

Anónimo disse...

Depois de posts anteriores tão bons, este parece-me demasiado forçado. Coincidências, podemos arranjar as que quisermos: porque não, por exemplo, estabelecer um mapa de coincidências semelhante entre Linux e SL, política portuguesa e SL... :-)

Anónimo disse...

Ponto de situação:
- Cara ana maria, vejo que partilhas da minha opinião ;) cool!
- Caro enolough, estive na dúvida se devia ou não responder, porque acho que dificilmente íamos chegar a consenso, tais são as divergências de opinião ;) mas agradeço o contributo, ainda que discorde em absoluto da maioria dos pontos.
- Caro anónimo (daniel), tenho dificuldade em comentar, porque não entendo o raciocínio! Pelo que percebo, o seu comentário revela que não acredita muito nestas "coisas", assim... genericamente! Pronto, tudo bem ; Eu acredito!
- Caro amigo M2 (augusto), às vezes estamos melhor outras pior ;) a comparação vale o que vale, e só não comparei SL com a Feira de Borba, porque isso não me diz nada! A comparação com o fenómeno "Apple/Mac" pode parecer forçada (admitamos) mas, pessoalmente, diz-me muito. Além disso, julgo que existem mm algumas afinidades. Pode ser que da próxima saia melhor ;) ab

Anónimo disse...

Discordo completamente com o blogue:
1)embora poucas lojas tenham clientes às 3 da manhã, o second life é global, é sempre 10 da noite algures! Devia ter mais gente.

2)enolough tem toda a razão. A Mac é um fenómeno de marketing mais do que informático ou de vida. Já vi o Steve Jobs a gabar-se de ter inventado o rato, 10 anos depois de ele ter sido inventado. Se não tivessem comprado a adobe teriam abrido falência nos anos 90.

3) designers, arquitectos e artistas são, quase sem excepção, pessoas com manias de serem diferentes e elitistas. Pena é que reste provar esse elitismo.

4)O second life é o mesmo fenómeno do mIRC, quando este apareceu em 95: gajos e gajas solitários à procura de sexo ou de alguém que os ouça. Gosto muito do jogo por isso (embora não jogue).Espero que esses solitários encontrem a sua alma gémea que mora a 5000km de distância.

Winter disse...

Caro anónimo que discorda do blogue:

Se jogasse perceberia que ali não estão são só "gajos e gajas solitários à procura de sexo ou de alguém que os ouça" existem pessoas empreendedoras, com vontade fazer a diferença. Dar aulas, aprender, mostrar os seus trabalhos, seja ao nível da música, da fotografia ou até da pintura ou da escultura.
E acredite que há muito mais nesta categoria do que possa imaginar... mas talvez não tenha imaginação, será?
Convido-o a entrar no jogo e far-lhe-ei uma visita guiada... talvez mude de ideias...
Winter Wardhani

Anónimo disse...

Cara Ana Maria:
"Dar aulas, aprender, mostrar os seus trabalhos, seja ao nível da música, da fotografia ou até da pintura ou da escultura.
" == procura de alguém que nos ouça

Lido com computadores desde 1983, quando tinha 5 anos. Acedia a BBSs em 1993, quando nem sequer existia a internet. Jogo avidamente desde pequeno. Já passei por muitas modas em computadores e na internet.
Durante 3 meses em 1996 fiquei viciado no mIRC até ver o quão falsas eram as relações geradas pela internet.
O second life não é socialização. É uma máscara para pessoas inseguras e/ou solitárias e/ou egocêntricas.

Já agora, que diferença fazem? e empreendedoras em quê?

Winter disse...

Caro anónimo,
Eu comecei mais tarde com os Apple em 85. Devemos estar na mesma facha etária.
Choca-me que catalogue todas as pessoas que entram em chats ou programas como SL como pessoas inseguras/solitárias/egocêntricas.
Também eu descobri o mIRC em 1998. Até hoje tenho amigos que conheci online, bons amigos, que estão lá para o bem e para o mal (e já o demonstramos uns aos outros várias vezes).
Amigos que agora se juntaram aos amigos que sempre tive e que conheci de tantas formas.
Sou tudo menos insegura, solitária não é uma palavra que se me aplique e egocentrismo não faz parte do meu vocabulário.

A diferença que fazemos? Talvez porque estamos lá, já somos a diferença.
Empreendedoras em quê? Levar a nossa cultura, maneira de ser e estar a pessoas de outros países, próximos e longínquos, que de outra forma nem sequer saberiam das belezas e riqueza cultural e artística que Portugal tem.
Será o target reduzido? Talvez seja. Mas acredite que é bem agradável ouvir dizer que Portugal afinal não tem só fado e bons jogadores de futebol.

Além disso conhecer pessoas tanto pode acontecer no café da esquina como online. Qual a diferença? As pessoas disfarçam-se em qualquer dos mundos. No entanto - e perdoe-me a ingenuidade - ainda existem pessoas que valem a pena conhecer seja onde for e da maneira que for... tenho esta mania de não perder a fé no ser humano, que quer?
Beijinhos
Ana Maria aka Winter Wardhani

Winter disse...

Errata: comecei com os Apple em 84... teclexia é uma doença de que sofro com frequência! hehehe

Anónimo disse...

Eu não tenho qualquer fé no ser humano. Apenas na civilização.

Uma pergunta: o seu avatar tem seios maiores do que os seus? É mais alta no second life do que na vida real? Se sim, i rest my case.

Winter disse...

Caro anónimo:
1ª pergunta: A minha avi não tem seios maiores, não lhe consigo dizer ao mílimetro mas são basicamente do mesmo tamanho :P
2ª Pergunta: Se tivermos em atenção as proporções em SL a altura é a mesma

E lamento de facto que as suas experiências em ambientes virtuais o tenham magoado dessa maneira... no virtual, tal como no real, não devemos esperar dos outros mais do que aquilo que nos possam dar.

E quanto à sua fé na civilização e não no ser humano fico triste (acredite ou não) que assim seja.
A civilização faz-nos estar aqui a trocar ideias mas, por outro lado, continua a destruir tudo à nossa volta.
O ser humano continua a ser fonte inesgotável de emoções (boas ou más, mas faz-nos sentir), a civilização é, para mim, um conceito amorfo.
Experimente sentir de quando em vez... vai ver que lhe faz bem. Limpa a alma!
Desejo-lhe um dia cheio de emoções :)
Ana Maria aka Winter Wardhani