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8.7.08

Eis a 'Interoperabilidade Anunciada'

A tão falada interoperabilidade anunciada há meses pela IBM como essencial para o desenvolvimento dos mundos virtuais, atingiu finalmente um capítulo digno de cobertura mediática alargada.

Não só o Wall Street Journal deu conta do 'milagre', como qualquer blog que fale de Second Life e que se preze fez questão de referir o tão esperado 'teleporte' entre a grid da Linden Lab e a da IBM.

O Open Grid Protocol agora tornado público, promete a ligação entre projectos distintos, retirando à Linden Lab (como era de prever) o aparente monopólio do metaverse.

O acontecimento pode dar direito a destaque nas primeiras páginas, e o 'teleporte mágico' foi mesmo gravado para que todos possam assistir! Mas, ainda assim, a 'coisa' pode não ter sido tão inesperada assim. Há mesmo quem tenha lido nas entrelinhas do discurso de Mitch Kapor (aqui em vídeo) por ocasião do 5º aniversário de Second Life recentemente comemorado.

Foi o caso de Gwyneth Llewelyn, que, no seu blog, sabiamente escreveu (aqui reproduzido numa tradução livre):

"Penso que isto (o anúncio do tal 'teleporte' e do 'OGP') mostra como Mitch Kapor estava tão certo no seu discurso no SL5B. Apesar de muitos poderem ter ficado desapontados com as suas palavras, eu retive o essencial: a era de Second Life enquanto um paraíso para os geeks e 'veteranos' chegou ao fim, e estamos a chegar a um ponto onde o pragmatismo corporativo, académico e de organizações governamentais o vai usar como um produto sério. É isso mesmo, isso significa que os geeks e 'veteranos' serão deixados para trás e saltarão para qualquer outro sítio que seja mais geekish e cool. Dentro de uma década, ou perto disso, não terão outra alternativa senão voltar."

Aquilo que Gwyneth refere como 'pragmatismo', acaba por ser, nem mais nem menos, do que a tal interoperabilidade servida em bandeja de prata.

Para gáudio de quem manda no dinheiro, o previsível 'teleporte' é muito mais do que um 'magic TP': simboliza um ponto final na era romântica de Second Life, e marca o início da segunda vida de SL, uma vida que se imagina mais dinâmica, mais intensa e, sobretudo, ...mais rentável.

Pelo que se vai vendo (o artigo do WSJ é já disso um exemplo), Second Life pode voltar à agenda dos media mais 'sérios', embora, talvez, numa secção diferente da de 2007...

20.10.07

A Integração Anunciada

Tal como escrevi no dia 10 (e cujo conteúdo foi publicado hoje no 'Digital' do Público), a integração e a interoperabilidade anunciadas com pompa e circunstância pela Linden Lab e a IBM como o futuro da Internet não eram, afinal, coisa muito nova!Paul Preibisch aka Fire Centaur, Presidente da B3D em Seoul, Coreia do Sul, tinha já lançado em Second Life o Second Life Link, uma aplicação "que integra a rede social mais popular (!), Facebook, com o mundo virtual mais popular, Second Life! Com a nossa aplicação para Facebook podes mostrar o teu avatar de Second Life aos teus amigos na RL. Se os teus amigos usarem Second Life, e usarem a nossa aplicação, podes ver o nome deles e o seu avatar, e podem encontrar-se virtualmente! A nossa aplicação em Facebook pode ainda mostrar-te se os teus amigos estão online ou offline em Second Life. Isso permitir-te-á sincronizar os encontros virtuais! Damos-te ainda a opção de especificar e partilhar os teus locais favoritos em Second Life com os teus amigos em Facebook. Desta forma, eles podem facilmente 'teleportar-se' para junto de ti quando estiveres online, ou visitar a tua casa virtual quando estiveres offline. A privacidade é a nossa maior preocupação: podes definir opções e escolher se queres que os teus amigos de Facebook saibam ou não se estás online em Second Life."


Parece confuso, mas não é! Estes senhores na Coreia do Sul limitaram-se a cruzar a informação de uma rede social na Web com um ambiente social 3D online. Integração e interoperabilidade!

Andy Powell aka Art Fossett, trabalha na Eduserv Foundation em Bath, Inglaterra, e tinha já lançado Second Friends, uma aplicação "com a intenção de fornecer às pessoas uma forma de integrar as suas 'segundas vidas' (em Second Life) com os seus perfis em Facebook. Second Friends é muito simples. Para o utilizar, basta instalar a aplicação em Facebook, entrar em Second Life, ir até à Eduserv Island, e fazer um click no quiosque Second Friends. Isso permitirá que fiques com uma chave secreta. Finalmente, introduzes o nome do teu avatar e a referida chave no formulário de Second Friends em Facebook. Et Voilá! O nome do teu avatar e a tua imagem de SL (partindo do princípio que tens uma imagem no teu perfil em Second Life) serão visualizados no perfil em Facebook. Se fizeres um click na secção 'My Friends', adicionarás a lista de todos os teus amigos de Facebook que estejam também em Second Life (e que tenham também instalada a nossa aplicação)."

Parece confuso, mas não é! Este senhor, em Inglaterra, limitou-se a cruzar a informação de uma rede social na Web com um ambiente social 3D online. Integração e interoperabilidade!

Imagina-se que, em breve, a mesma integração de dados possa vir a acontecer com outras redes sociais: Hi5, MySpace, Orkut...
Resultado previsível: uma migração cada vez maior para mundos virtuais (ou ambientes sociais e colaborativos 3D) pela maior riqueza nos processos de auto-representação e de comunicação online. Ou apenas porque não consigo descortinar porque é que, com estas aplicações, os utilizadores continuarão a usar o Facebook!
Afinal a integração são 'peanuts'! Será uma Evolução, ou uma Revolução?
Já conhecem a minha opinião...

11.10.07

Receios de uma Convergência Anunciada

Na sequência do post de ontem, e depois de ler algumas opiniões de Alan Levine do New Media Consortium, aqui fica o registo de alguns receios quanto à 'interoperabilidade' em mundos virtuais 'inventada' pela IBM e pela Linden Lab.

Como é sabido, a recentemente anunciada capacidade de inclusão de código HTML em objectos simples de Second Life (vulgo "HTML on a Prim") parece escancarar as portas da convergência efectiva entre os conteúdos da Web e este mundo virtual. Na prática, qualquer objecto em Second Life pode ter uma 'textura' carregada a partir de um URL qualquer!

Numa primeira análise, a possibilidade faz-me sorrir de satisfação, imaginando desde já as suas enormes potencialidades, por exemplo, nas aulas que organizo no metaverse.
Numa análise mais cuidada, assomam alguns receios: significará a dita 'interoperabilidade', ou movimento convergente Web > SL, que em objectos 3D de Second Life passaremos a ter 'plasmados' os conteúdos preparados para a Web?

A tentação vai ser grande! Gigas e gigas de informação 'transformados' em 3D, mas pensados, de raiz, para um interface 2D na Web! Ai, ai, ai... Salas e salas de repletas de videos carregados do YouTube, de perfis Orkut ou Hi5, de páginas de grupos MySpace,...
Obviamente que estou, catastroficamente, a antecipar o quadro negro da convergência!
Até lá, e sem saber ainda como recorrer ainda ao 'HTML on a Prim', deixo apenas (receoso) a imagem (tal como Levine) do meu blog na Web 'carregado' no meu profile em Second Life...

10.10.07

Próxima estação, Internet 3D! Obrigado, Califórnia!

retrato de Neal Stephenson por Etgar Keret

"HTML on a Prim", "Web-based clients", "Universal Avatars",..., Next Stop: 3D Internet!

Ginsu Yoon, vice president, Business Affairs, Linden Lab
Sempre gostei de ouvir os americanos dizer "we share (have) a vision!"
Normalmente, quando têm uma visão é quando reconhecem aquilo que o resto do Mundo andava a dizer há uma data de tempo!
As declarações públicas nas conferências californianas são como que a oficialização das previsões dos outros gajos todos que moram à volta dos States.
Os 'outros gajos todos' são os beta-testers das ditas american visions!

Castells reconhecia, implicitamente, que esse era o truque de Silicon Valley (contrariamente, por exemplo, aos modelos Estado-providência da Escandinávia virados para si próprios): conseguir captar o que de melhor existe em matéria de neurónios por esse mundo fora, porque é 'lá fora' que nascem as grandes ideias... (a história pessoal de Castells, catalão nascido e cidadão do Mundo, confunde-se com a lucidez do seu discurso)

Desta vez, com pompa e circunstância, a IBM (aquela empresa com mais de uma dezena de ilhas em Second Life e que assistiu à maior greve no metaverse, lembram-se?) e a Linden Lab, surpreendentemente partilham uma visão: a interoperabilidade é a chave para a expansão continuada da Internet 3D!
Os conceitos de avatares universais (ou transversais, a nova ideia de transnacionalidade nos mundos virtuais), de código HTML em objectos 3D no metaverse, de páginas Web que permitem o login em mundos virtuais 3D, são pequenas mentirinhas que vão escondendo o óbvio: o futuro da Web passa pelos mundos virtuais... porque os avatares dos gajos que estão 'cá fora' assim o desejam.

Os tecnólogos mais ortodoxos devem zangar-se com a perda de protagonismo... os milhões de residentes em Second Life que, diariamente, transformam sonhos em bits devem pasmar... Stephenson deve sorrir (como no retrato de Etgar Keret)...

Os gigantes unem forças em conferências de imprensa, a literacia digital dos 'outros gajos todos' está assegurada por mais uns anos, e, uma vez mais, o Mundo agradece... aos americanos!